data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
A classificação de Santa Maria como uma cidade bandeira laranja _ ou de risco médio para a disseminação do coronavírus _ no sistema de distanciamento controlado do governo do Estado gerou descontentamento do setor empresarial. Com mais de 50 casos confirmados e nenhum óbito, a cidade tem as mesmas medidas restritivas de Passo Fundo, por exemplo, que concentra 267 infectados e 18 mortes decorrentes das Covid-19. Isso significa que Santa Maria precisa adotar medidas mais severas de isolamento social do que uma cidade classificada como bandeira amarela, em que é considerado baixo o nível de disseminação da doença.
DISCORDÂNCIA
Com isso, vários serviços funcionam com maiores restrições, como número de funcionários e clientes permitidos em um restaurante ou estabelecimento comercial, por exemplo.
- Não há conformidade nem um entendimento favorável à nossa classificação. Se analisarmos todo o esforço que o prefeito teve, de fechar o comércio antes do tempo, o sacrifício que ele impôs aos lojistas, isso não teve nenhum prêmio de merecimento. A gente não compreende e não aceita porque o nosso setor produtivo seja tão prejudicado - relata o presidente do Sindilojas Região Centro, Ademir José da Costa, ao enfatizar que vai propor alternativas ao Piratini.
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A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Maria, Marli Rigo, aponta que vai buscar um discurso único entre o setor. E, na sequência, ela não descarta criar uma comissão com a adesão de profissionais da saúde e do empresariado local para analisar os dados e, assim, propor uma nova classificação para Santa Maria. O que deve ser tratado ainda nos próximos dias, segundo disse à reportagem:
- A gente precisa fazer as coisas com muita responsabilidade. Eu já me coloquei à disposição, como representante da CDL, para a gente analisar juntos e formarmos uma equipe para isso.
PREFEITURA
O chefe da Casa Civil, Guilherme Cortez, ressalta o trabalho técnico do governo do Estado para a elaboração do plano de distanciamento controlado e reforça que a prefeitura está atenta às demandas das atividades empresariais, mas é preciso tratar com muito cuidado qualquer tipo de flexibilização:
- Precisamos estar pautados na responsabilidade. Na verdade, pelo decreto, da bandeira laranja para a amarela, não é proibido nenhum tipo de atividade. Temos que tratar do assunto com muito equilíbrio e serenidade.
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Indicadores regionais não foram observados, avalia especialista
A bandeira que cada uma das 20 regiões do Estado recebe no modelo de distanciamento controlado é decorrente de uma série de cálculos realizados pela equipe técnica do governo.
São levados em conta elementos como a velocidade da disseminação da doença e a disponibilidade de leitos em hospitais. Embora o modelo tenha recebido elogios de profissionais de todo o país, o médico infectologista Fábio Lopes Pedro ressalta que alguns indicadores regionais não foram utilizados nos cálculos:
_ Os critérios estabelecidos pelo decreto estadual são bastante representativos para Porto Alegre e região. Todavia, eles não atendem com precisão os demais municípios do interior do Estado. No caso de Santa Maria, não é levado em conta critérios como a disponibilidade de telemedicina e outras variáveis. Depois de todo o trabalho, empenho, abertura de leitos, organização de fluxo, recaímos dentro de um decreto que nos iguala a Passo Fundo.
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PARCIMÔNIA
Para a médica infectologista Jane Costa, qualquer tipo de relaxamento nas medidas restritivas deve ser tomado com muito cuidado.
- Estamos indo muito bem. Me preocupa muito querer avançar e ultrapassar linhas. Eu, particularmente, achei muito complexo o cálculo proposto pelo governo do Estado. Estamos indo no caminho certo. Não sei se essas atitudes de querer mudar podem ser adequadas.